Uma nova controvérsia envolvendo religião e política vem ganhando destaque nas redes sociais: a comercialização da chamada “Bíblia do Patriota”. A versão personalizada da Bíblia Sagrada foi amplamente divulgada durante o ato pró-anistia, realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, no último dia 6 de abril de 2025.
No evento, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro promoveram a venda da Bíblia com capa verde e amarela, intitulada de forma simbólica para refletir os ideais do grupo. Comercializada por R$ 100, a edição chamou atenção por sua estética voltada ao nacionalismo cristão e causou uma enxurrada de críticas e questionamentos sobre a mistura entre fé e ideologia política.
A publicação é uma produção da recém-fundada editora Virtude Cristã, sediada em Jundiaí (SP), criada em 14 de fevereiro de 2025, pouco antes do ato. De acordo com a Revista Fórum, a editora está vendendo a mesma Bíblia com capa tradicional por cerca de R$ 20. A versão “patriota”, com elementos gráficos diferenciados e foco em identidade política, é vendida por R$ 80 a mais, gerando alto retorno financeiro.
O conteúdo interno é o mesmo da versão padrão da Bíblia Sagrada na tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC). As palavras atribuídas a Deus vêm destacadas em azul, e as de Jesus, em vermelho. A edição também acompanha o hinário Harpa Cristã, tradicional nas igrejas Assembleia de Deus, além de uma introdução em tom nacionalista.
A repercussão foi imediata. Críticos apontam que a iniciativa transforma um livro sagrado em ferramenta de campanha ideológica. Já os defensores alegam que a Bíblia pode ser adaptada visualmente para alcançar públicos específicos, desde que seu conteúdo não seja alterado.
O episódio reacende o debate sobre a instrumentalização da fé cristã em prol de interesses políticos. Para muitos líderes religiosos, a comercialização com apelo político representa uma banalização do sagrado e enfraquece o verdadeiro propósito da Palavra de Deus.
Share this content: